domingo, 9 de junho de 2019

O Poema Que Eu Não Queria




 
  














O POEMA QUE EU NÃO QUERIA

É triste perder avós
Que são mais velhos que nós
Podemos até aceitar.
Mas perder quem nós amamos
Mais cedo do que esperamos
É difícil de acatar.

Perder filho ou irmão
Ultrapassa a razão
Da lei natural da vida.
Nos outros imaginamos
Mas nunca nos preparamos
Para coisa tão dorida.

Mafalda era o seu nome
Sofia de sobrenome
Primeira filha a nascer.
Uma tenrinha criança
Cheia de fé e d’esperança
Numa vida para viver.

Assim não quis o destino.
Deixou-nos. Que desatino !!
Não havia outra maneira.
Vinte e três tinha de idade
Quando a vida, que maldade,
Nos passou esta rasteira.

Zé Abílio, meu irmão.
Amigo e folgazão,
Ainda sinto o seu fulgor.
Tinha sede de viver
E sempre conseguiu ser
Adorado com fervor.

Meu irmão e meu herói,
Quando o digo até dói.
Da tristeza que ficou.
Pouco passava dos trinta
Foi apanhado na finta
Que o coração lhe pregou.

A vida continuou
Mas muita coisa mudou,
Ficou a dor, a saudade.
Hoje vivo recordando,
Muitos dias vou chorando,
Mesmo já com esta idade.

É triste um pai perder
E uma mãe já não ter,
Mas perder o nosso irmão
E uma filha tão querida,
São lanças que deixam ferida,
Despedaçam o coração.

Este poema foi escrito
Embora não tenha querido
Um dia ter de o escrever.
Agora que já está feito
Sinto um alívio no peito.
Com eles estive a viver.

João Duarte Barbosa
13.Dez.2014

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